O poder da Gestão da Mudança na Transformação Digital

Transformacion Digital

Uma vez alguém me perguntou porque eu entendia ser importante fazer gestão da mudança naquele projeto em específico? Eu respondi que a experiência em projetos daquele porte me convenceu que esse tipo de iniciativa (aquele projeto) necessitava de ações de change. Hoje a resposta seria outra:

Estávamos falando de um projeto de implantação de uma ferramenta de e-procurement (Sap Ariba) que já era líder e consagrada no mercado. Ora, então porque precisaria fazer chance em uma ação tão consolidada?

A resposta é simples! Mas vamos explicar detalhadamente:

Sap Ariba é uma plataforma de compras no modelo Cloud (não é instalada, acessa-se a ferramenta através de um link de internet e não se compra licenças e sim o direito de uso por determinado período, fazendo renovações do contrato de acordo com o período determinado) e SAS (Software as Service), ou seja, agregado ao software estão associados uma série de serviços do fabricante.

Esses dois itens seriam suficientes para fazer uma revolução nos departamentos de Compras e TI das empresas em geral, mas vamos enumerar por departamento quais as mudanças que um projeto como este trás para a organização e seus stakeholders:

TI – O departamento de TI das empresas historicamente tem o “poder” de controlar todos os softwares utilizados nas companhias. Com o advento do Cloud isso não necessariamente tem que ser assim. A plataforma não está instalada e uma série de ações que deveriam ser executadas por TI passam a não ser mais necessárias:

  1. Instalação – Não se faz necessária
  2. Manutenção corretiva – Não se faz necessária. Está coberta pelo contrato de subscrição
  3. Manutenção preventiva – Não se faz necessária. Está coberta pelo contrato de subscrição.
  4. Backup –  Não se faz necessário. Está coberto pelo contrato de subscrição.

Naturalmente o departamento de TI deixa de ter o “poder” que detinha sobre as ferramentas utilizadas pela companhia.

Compliance – É o departamento que geralmente dita as regras dos demais. Com a implementação de uma plataforma como essa, é dele a missão de junto com as áreas de negócio, conhecer, entender e desenhar o novo modelo de compras. Qual o problema disso? Historicamente também é um departamento que não é envolvido nesse tipo de projeto. Afinal, “é só mais um projeto de TI”

Compras – O comprador é um “controlador inconsciente”, foi sempre ele que passou o status do processo, foi sempre ele que decidiu nas mesas de compras qual era a melhor oferta e ao final é ele quem atende a ligação do fornecedor dando resposta ao follow-up. Isso está errado? Não. Mas pode ser feito de uma outra maneira com um resultado mais positivo.

Fornecedor – Para começar, vamos entender que a figura do fornecedor que faz o contado com os clientes (empresa compradora) é um vendedor. O objetivo dos vendedores é vender o seu produto e manter o cliente satisfeito. Para isso, existe um conceito em vendas que diz que o vendedor tem que ter o controle do processo e para que tenha controle é necessário que possua informação.

Pois bem, e porque essa plataforma gerará problemas para o vendedor? Eis a questão, não gerará! A transformação que o processo sofrerá fará o fornecedor (vendedor) ter uma reação negativa com a mudança, invariavelmente é assim. Na melhor das hipóteses ele será cético.

Dado o histórico, qual a colaboração do change management para esses personagens nesse tipo de projeto?

A gestão de mudança tem o objetivo de, conhecendo o objetivo do projeto, mapear as mudanças que serão implementadas, gerir as expectativas dos envolvidos e garantir que o impacto para o processo seja o menor possível e recebido de forma positiva.

Então, como fazer para que os mesmos departamentos passem de forma positiva por essa transformação?

O processo consiste em mostrar para TI que ele continua no controle da tecnologia, só que agora passa a ter uma ação mais “nobre”. Ele se tornou o auditor do contrato de software sem a necessidade de realizar ações operacionais e que acima de tudo, o custo do seu departamento diminuiu, pois quase sempre esse tipo de projeto é uma iniciativa das áreas de negócios e o custo também é seu.

Com Compliance, o processo deve ser iniciado ainda no planejamento da iniciativa com o convite para participar de um projeto que facilitará as suas ações de auditoria. O simples fato de ser convidado aumentará em 50% as chances de ser um agente positivo no processo. Ao longo das ações, nas reuniões de levantamento e desenho do processo, fazer com que Compliance e Compras cheguem á melhor solução, não para que o controle seja de um deles, mas que a solução seja a mais produtiva para a companhia.

comprador deve estar convencido que a mudança não veio para lhe tirar o poder e sim para que ele deixe de ser um agente operacional e passe a ser estratégico. Ele não deixará de ter poder de decidir qual a melhor oferta e sim terá uma solução que proverá de forma automática uma melhor visão do processo pare que ele tome uma decisão mais rápida e assertiva.

Para o fornecedor a primeira ação deve ser acabar com o mito que ele pagará algo por responder as cotações na plataforma e com isso terá que aumentar o seu preço. Esta, eu diria que é a primeira grande missão desses projetos. Depois disso, mostra-se a ele que agora ele não mais precisará fazer aquela ligação tradicional ao comprador perguntando como está o andamento do processo do qual ele está participando, pois ele na verdade passa a ter acesso a todos os prazos e ás informações gerais para com os clientes que utilizam esse tipo de ferramenta. Além disso, passou ele a ser o gestor dos seus dados, ou seja, ele ganhou poder.

Ora, como conseguir fazer tudo isso? Ao longo de 3 anos, desenvolvemos uma metodologia que faz uma abordagem mais específica para nossos projetos e com isso veio a evidência que o segredo está na comunicação.

O primeiro passo é informar todas as áreas envolvidas que vai se iniciar um projeto de Transformação Digital e que todos serão comunicados do andamento. A partir daí, se mapeia os possíveis envolvidos, sendo eles influenciadores positivos ou negativos.

O próximo passo é prover a harmonia entre os departamento envolvidos no processo, geralmente: Compras, Compliance e TI. Eles precisam saber qual a importancia do papel de cada um e porque a participação dele será fundamental e mudará positivamente o seu dia a dia.

A forma mais assertiva de chegar a esse objetivo depois da comunicação é estar do outro lado, ouvindo. Precisamos saber que os profissionais são pessoas e como tal querem ser ouvidas, afinal, é a atividade deles que estamos transformando. Após ouvi-los precisamos mostrar os ganhos e acima de tudo dizer quando e como outros profissionais passaram pela mesma experiência e quais os ganhos tiveram.

Ao longo do tempo e com os números de varias experiências, evidenciamos que os projetos que tiveram a implementação de solução que geraram transformação e foram acompanhados da gestão de mudança têm 70% mais chance de serem bem sucedidos. Dos projetos com change, aqueles que tiveram um profissional dedicado tem 48% mais chances de alcançarem seus objetivos sem resistência.

A conclusão da análise que torna essa metodologia mais assertiva é que a transformação tem que ser focada nas pessoas e não nas aplicações, pois caso encontremos um único agente influenciador que tenha um posicionamento negativo, que não esteja mapeado e que não tenha um trabalho específico a ser feito para que mude sua forma de encarar a mudança, teremos 100% de risco de ter problemas.

 

 

 

 

Publicado por

José Fernandes Filho

Diretor de Novos Negócios Stratesys