A Inteligência Artificial ao serviço dos colaboradores

Da mesma forma que a Netflix ou o Spotify mudaram a experiência audiovisual ao oferecer conteúdos personalizados aos utilizadores, cada vez mais organizações estão a investir em ferramentas inteligentes que oferecem experiências personalizadas, nomeadamente através da aplicação de assistentes virtuais, algoritmos de recomendação de formação ou planos de carreira baseados nas suas preferências e interesses.

Cada pessoa é única, e tem necessidades e expectativas diferentes dentro da organização. É por isso que os departamentos de RH precisam de ser capazes de oferecer experiências personalizadas para cada empregado, se quiserem atrair e reter talentos.

Mas isto não é novidade. Os departamentos de marketing já começaram a aplicar o Costumer Centric há vários anos, colocando os clientes no centro para lhes oferecer experiências personalizadas em torno dos seus produtos e serviços e, com isso, produzir um aumento nas vendas. Este é o desafio para os RH: colocar os empregados no centro da organização (employee centric) para melhorar a sua experiência no trabalho, envolvendo-os, cativando-os e melhorando a sua produtividade e impacto nos negócios.

Tendo isto em conta, o objectivo das áreas de Recursos Humanos é claro: encontrar esse match entre as necessidades e expectativas dos empregados e o design que a organização oferece para satisfazer as suas expectativas. É desta forma que as organizações conseguem oferecer experiências memoráveis que cativam os seus empregados.

Quando falamos da experiência dos empregados, estamos a falar da soma das percepções que os empregados têm em cada uma das suas interacções com a organização, tais como a própria entrevista, o seu primeiro dia de trabalho, quando recebem uma promoção ou oportunidades de formação. É aqui que a Inteligência Artificial (IA) entra em jogo.

Um dos principais desafios dos departamentos de RH, e que a Covid acelerou, é ser capaz de lançar uma estratégia de reskilling e upskilling personalizada de forma a avaliar as competências de cada funcionário, identificar os seus pontos fracos e dar-lhes a oportunidade de acrescentar novas competências ao seu perfil para os ajudar a melhorar a sua experiência.

Deste modo, o processo de reskilling ajuda-nos a oferecer novas competências e conhecimentos para capacitar os nossos empregados a fazer um trabalho diferente daquele que têm vindo a fazer até à data. O upskilling, por outro lado, permite-nos adquirir novas competências para continuar a fazer o mesmo trabalho, mas de uma forma diferente, quer seja porque a tecnologia mudou ou porque necessitamos adaptar e atualizar os métodos de trabalho, entre outras coisas.

Depois de termos identificado o que precisamos dentro da organização e como os empregados se sentem, é tempo de propor planos de ação para melhorar. Graças a esta análise, poderemos ajudar os nossos empregados a ver até que ponto estão preparados para as suas funções atuais e futuras dentro da empresa para a qual possam querer candidatar-se. Da mesma forma, poderemos ter uma imagem atualizada das suas necessidades e poderemos recomendar formação ou novas vagas.

Além disso, entre os desenvolvimentos mais interessantes de que a área de Recursos Humanos pode beneficiar está a implementação de Big Data para reduzir a taxa de rotatividade. Esta tecnologia oferece a possibilidade de identificar tendências nos padrões de comportamento dos nossos empregados para nos ajudar a compreender porque é que os talentos estão a deixar as nossas organizações.

Graças à análise descritiva, poderemos explicar a saída de empregados da nossa empresa por área geográfica, unidade de negócios, área ou departamento. Poderemos também identificar o perfil do funcionário que deixa a empresa, tal como o sexo, idade ou formação. Com toda esta informação, poderemos aplicar uma análise preditiva para identificar as razões pelas quais os empregados deixam a nossa empresa (carga de trabalho, faixa salarial, possibilidades de promoção, etc.).

E depois é tempo de tomar medidas. Com análises prescritivas, podemos analisar os dados para encontrar a solução mais eficaz a partir de uma gama de variantes, aplicando técnicas de simulação para identificar qual o caminho a escolher. Graças à previsão do algoritmo, poderemos saber quais os perfis com maior probabilidade de sair e simular em que percentagem a sua experiência seria melhorada através da aplicação de diferentes ações, tais como um aumento salarial ou uma promoção.

Em suma, a Inteligência Artificial é na sociedade atual uma necessidade e uma grande vantagem para os departamentos de recursos humanos. Desta forma, poderemos não só poderemos melhorar o desempenho global da empresa, mas, mais importante ainda, seremos capazes de reter o talento interno de forma a conduzir toda a organização para atingir os objetivos comuns.

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Publicado por

Tiago Duarte

Director Stratesys Portugal