RESKILLING & UPSKILLING – RECICLAGEM TECNOLÓGICA | ENTREVISTA COM ENEKO SAINZ-EZQUERRA

Entrevista com Eneko Sainz-Ezquerra (sócio-director da Stratesys) por Aleix Mercader (Crónica Global)

Que entendemos por reskilling? formar de raiz um profissional que vem de um campo não tecnológico ou requalificar um trabalhador que já está formado neste campo?

Penso que é importante diferenciar o que é o conceito de ” up-skilling” que existe há algum tempo no mundo dos RH, e que tenta complementar o profissional em formação adicional que lhe permita realizar o seu desempenho de uma forma muito mais eficaz, do conceito de “re-skilling” que, se já se encontram há alguns anos no mercado, tenta desdobrar as capacidades das pessoas através da aquisição de competências normalmente associadas à transformação digital (Digital Twin). Desta forma, responde melhor a um conceito de “reciclagem”, embora como “naming” não me pareça o melhor aplicado às pessoas, e se carros, roupas ou casas.

Qual é o grau de penetração destes cursos em Espanha?

Mais do que um curso, é um plano e eu diria mesmo que é uma mudança cultural muito mais profunda que não tem apenas acções de formação, se não anteriormente um diagnóstico, um modelo de aprendizagem colaborativa, novos canais de divulgação e medição contínua do impacto empresarial. Em 2021 é a palavra ” trending” no campo da gestão de pessoas, e faz parte do núcleo das universidades empresariais que se estão a virar para este conceito muito mais global. Existem de facto mais por golpe com a realidade, que por convicção, pois foi a covid que fez virar muito mais enfaticamente para este tipo de iniciativas que já existiam anteriormente. A grande diferença deste tipo de modelos actuais em relação aos de há alguns anos atrás é que podemos aproveitar a inteligência artificial para que haja uma rota personalizada de reskilling à medida de cada pessoa, aspecto que há alguns anos atrás era completamente impossível.

A procura das empresas está sincronizada com a oferta de bootcamps e outras alternativas de formação para pessoas que não acabaram de se formar na universidade? Dito de outro modo: as empresas estão dispostas a contratar profissionais que saem de um bootcamp?

Não tem havido essa ligação, mas a realidade e a falta de perfis com este tipo de competências (hard, soft e neuro) tornam as empresas muito mais flexíveis quando se trata de atrair talentos directamente de um bootcamp. O Covid não tem ajudado apesar de tudo, porque o on-boarding de novos talentos num modelo “remoto” e sem um mentor do dia-a-dia não facilita as coisas, mas não há outra escolha senão ousar e não colocar limitações às pessoas que vão ser fundamentais daqui a 2-3 anos nas nossas organizações, mas que a partir do minuto um já colocou a sua dose de frescura na organização, para além de uma mentalidade digital e ágil.

Do seu ponto de vista, quais são as principais competências que devem ser melhoradas através do reskilling?

Assumindo que os “hardSkills” podem ser assimilados com relativa facilidade, o desafio é melhorar os “SoftSkils”, e eu diria mesmo que o domínio dos “Neuro-softskills” fará a diferença.

Publicado por

Eneko Sainz-Ezkerra

Sócio-Director Stratesys