Penso que é importante diferenciar o que é o conceito de ” up-skilling” que existe há algum tempo no mundo dos RH, e que tenta complementar o profissional em formação adicional que lhe permita realizar o seu desempenho de uma forma muito mais eficaz, do conceito de “re-skilling” que, se já se encontram há alguns anos no mercado, tenta desdobrar as capacidades das pessoas através da aquisição de competências normalmente associadas à transformação digital (Digital Twin). Desta forma, responde melhor a um conceito de “reciclagem”, embora como “naming” não me pareça o melhor aplicado às pessoas, e se carros, roupas ou casas.
Qual é o grau de penetração destes cursos em Espanha?
Mais do que um curso, é um plano e eu diria mesmo que é uma mudança cultural muito mais profunda que não tem apenas acções de formação, se não anteriormente um diagnóstico, um modelo de aprendizagem colaborativa, novos canais de divulgação e medição contínua do impacto empresarial. Em 2021 é a palavra ” trending” no campo da gestão de pessoas, e faz parte do núcleo das universidades empresariais que se estão a virar para este conceito muito mais global. Existem de facto mais por golpe com a realidade, que por convicção, pois foi a covid que fez virar muito mais enfaticamente para este tipo de iniciativas que já existiam anteriormente. A grande diferença deste tipo de modelos actuais em relação aos de há alguns anos atrás é que podemos aproveitar a inteligência artificial para que haja uma rota personalizada de reskilling à medida de cada pessoa, aspecto que há alguns anos atrás era completamente impossível.
A procura das empresas está sincronizada com a oferta de bootcamps e outras alternativas de formação para pessoas que não acabaram de se formar na universidade? Dito de outro modo: as empresas estão dispostas a contratar profissionais que saem de um bootcamp?
Não tem havido essa ligação, mas a realidade e a falta de perfis com este tipo de competências (hard, soft e neuro) tornam as empresas muito mais flexíveis quando se trata de atrair talentos directamente de um bootcamp. O Covid não tem ajudado apesar de tudo, porque o on-boarding de novos talentos num modelo “remoto” e sem um mentor do dia-a-dia não facilita as coisas, mas não há outra escolha senão ousar e não colocar limitações às pessoas que vão ser fundamentais daqui a 2-3 anos nas nossas organizações, mas que a partir do minuto um já colocou a sua dose de frescura na organização, para além de uma mentalidade digital e ágil.
Do seu ponto de vista, quais são as principais competências que devem ser melhoradas através do reskilling?
Assumindo que os “hardSkills” podem ser assimilados com relativa facilidade, o desafio é melhorar os “SoftSkils”, e eu diria mesmo que o domínio dos “Neuro-softskills” fará a diferença.
